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Depois do vendaval

A Lava Jato foi vendida pela mídia como uma operação que iria desfechar um ataque mortal à corrupção do país. Este foi o argumento usado para justificar o arbítrio. Na verdade o objetivo da operação era atacar e derrubar um governo com um viés popular, com um mínimo de sensibilidade social para colocar em seu lugar um presidente ilegítimo, ficha suja, que representa o que de pior tem a atrasada e corrupta oligarquia brasileira.

Os canalhas vieram para desfechar o que Flavio Koutzii classificou com uma bomba de Hiroshima para destruir os direitos trabalhistas e previdenciários do povo brasileiro. Tiveram vida curta. O áudio da JBS pôs a nu a associação do oligopólio da mídia com poder político e o grande capital. Articulada principalmente para desmoralizar o PT e viabilizar o golpe, a Lava Jato fugiu do controle, desrespeitou direitos básicos, forçou delações suspeitas, seletivas e vazamentos, criando uma figura sinistra que Koutzii, com muita felicidade, chamou de um “Fleury de toga”. Ficou evidente o conluio de membros da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e Judiciário com a mídia, especialmente a Globo. A delação da JBS com a divulgação do áudio de Joesley Batista foi o ponto fora da curva, um episódio não previsto no roteiro original. Botou fogo no circo armado pela grande mídia. O feitiço se voltou contra o feiticeiro. Passada a tormenta, é hora do rescaldo. Algumas observações devem que ser feitas, indagações importantes aguardam resposta.

INCÓGNITA

Temer confirmando sua desfaçatez e falta de caráter, se recusa a renunciar. Desta Câmara e deste Senado nada se pode esperar. Aumenta, assim, a importância de um Supremo suspeito, que participou do golpe contra Dilma. Estarão “suas excelências” à altura do importante momento histórico? Duvido.

PARCÃO VAZIO

De repente o MBL e os coxinhas perderam interesse pelo combate à corrupção, sua grande bandeira no passado bem recente. Curiosamente não foram ouvidas suas batidas em panelas e as bandeiras do Brasil, do Rio Grande não tremularam nas nossas praças e parques. Num Parcão vazio, um silêncio sepulcral.

OAB

Em 2014 a entidade homenageou Temer pelo seu apoio à aprovação da Lei da “Ficha Limpa”. Errou feio. Depois reincidiu no erro, apoiando o impeachment de Dilma, uma grotesca farsa jurídica. Engomadinhos, engravatados, bando de reacionários disfarçados de liberais.

GILMAR 45

Foi pego com a boca na botija aconchavando mal feitos com Aécio. Será que seus pares terão coragem e estofo moral para denunciá-lo e afastá-lo por flagrante falta de decoro? Não acredito.

JANOT

Sua ambição desmedida, seu desastrado protagonismo político, sua evidente parcialidade estão comprometendo a imagem do Ministério Público Federal. Segurou, no mínimo por dois anos, as graves denúncias contra Aécio: recebimento de gordas propinas e mesadas. Desta vez não deu, resolveu entregar a cabeça daquele que até há pouco tempo foi seu “mineirinho querido”.

A FOLHA DE SÃO PAULO

Depois da morte do “velho” Octávio, em 2007, o Octavinho já vinha ano após ano apequenando o que já foi o maior jornal liberal do país. A sua inexplicável e desesperada defesa de Temer não deixou dúvidas sobre sua parcialidade. Perdeu a credibilidade, juntou-se à Veja, virou lixo sem valor informativo.

O MEIRELES NÃO SABIA?

Henrique Meireles entre março de 2012 e maio de 2016 foi presidente do conselho consultivo da holding J&F que, além da JBS, controla mais seis grandes empresas. Dizem que ganhava 40 milhões por ano e que a só a JBS faturou em 2014 mais de 100 bilhões de reais. Joesley Batisra afirmou que financiou na última eleição mais de 1.800 candidatos à Câmara Federal dos quais foram eleitos 179. E mais, disse que gastou em campanhas mais de um bilhão e quatrocentos milhões para engordar caixa 2 e pagar propinas. Dá pra gente acreditar que o Meireles não sabia?

QUEM SÃO OS DOIS JUÍZES MENCIONADOS NO ÁUDIO DE JOESLEY?

87 indiciados, um promotor federal preso. Faltou, porém, tornar público o nomes dos dois juízes que teriam sido subornados pela JBS, mencionados no áudio de Joesley. O fato vai confirmar que os juízes punem, mas não podem ser punidos? Suas “excelências” estão acima da lei?

O PROCURADOR FEDERAL TROCOU DE LADO

Marcelo Miller, integrante da força-tarefa da Lava Jato era um dos homens fortes de Janot. Foi dito, até, que era o braço direito do Procurador Geral. Surpreendentemente meses atrás se exonerou e, pasmem, passou a trabalhar num escritório de advocacia contratada para defesa da JBS, empresa investigada pela Lava Jato. Um absurdo, uma flagrante imoralidade. Mais um episódios do tipo “Elliot Ness prende Al Capone, se demite do Bureau of Prohibition (Escritório de Proibição), órgão que depois daria origem ao o FBI, e depois, é contratado para tirar o mafioso da cadeia.

MICHEL TEMER

Ele se debate desesperado antes do último suspiro. Vai morrer sem honra, totalmente desacreditado, rouco por repetir à exaustão tantas mentiras. É, certamente, a mais ridícula e execrável personagem da história política do Brasil.

AÉCIO PATÉTICO

Como Temer, tenta desesperadamente evitar a perda do mandato. Os indícios foram tantos, as gravações de delitos tão claras e explícitas que mesmo sendo o queridinho da mídia, do MPF e do judiciário não foi possível preservá-lo. Gravou um vídeo alegando ser vítima de uma conspiração armada pelos verdadeiros criminosos que estão por aí, livres, leves, soltos. Coitadinho. Será que construir um aeroporto para uso particular numa área de sua família, onde, por uma destas atrozes coincidências foi flagrado o famoso helicóptero com 500 quilos de cocaína não é crime? Mais que patético, um cara de pau.

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