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Pílulas amargas

Marchezan Júnior, um fascista de carteirinha

O Santander Cultural promovia desde meados de agosto uma exposição de pintura denominada “Queer Museu – cartografia das diferenças na América Latina” com um acervo de obras de pintores de expressão como Lygia Clark, Fernando Baril e Candido Portinari, dentre outros. Os fascistas do MBL – a tropa de choque do Marchezan Júnior – comandados pelo secretário de municipal de Serviços Urbanos, Ramiro Rosário, invadiram o local. Enquanto no interior da exposição alguns integrantes do MBL agrediam verbalmente os visitantes, outros, na entrada, faziam orações de “purificação”. Os “salvadores do MBL” numa evidente manifestação homofóbica julgaram obscena uma exposição que, de forma artística, revelava a diversidade sexual na nossa cultura, inaceitáveis para os fascistas. Mais lamentável ainda é que o Santander cedeu à pressão e encerrou a exposição no domingo passado, dia 10.

Grave denúncia contra Sérgio Moro

Há um constrangedor silêncio. A grande mídia cala, o Conselho Nacional de Justiça finge que desconhece, mas os fatos são da mais extrema gravidade. Rodrigo Tacla Duran, advogado e doleiro da Odebrecht, indiciado na Lava Jato denunciou Carlos Zucolotto Júnior, compadre e padrinho de casamento de Moro, de receber pagamentos por “serviços” relacionados com sua delação na Lava Jato. A Receita Federal confirmou que Zucolotto e Rosângela, esposa de Moro, receberam pagamentos do escritório de Tacla Duran.

Janot e Moro contra-atacam

Fragilizados, Janot e Moro montam uma operação combinada: o Procurador-Geral indicia novamente Dilma e Lula, Moro apresenta delação de Palocci contra Lula sem que, até o momento, tenham sido apresentadas provas materiais. Há, também, o lançamento do filme, “A justiça é para todos”, um folhetim propagandístico anti-Lula e anti-PT, amplamente divulgado pela grande mídia golpista.

Impunidade

Serra e Aécio livres, protegidos pelo STF e pelo constrangedor silêncio da mídia. Temer, apoiado por Gilmar, beneficiado pelo Congresso e pelas trapalhadas de Janot, segue no leme da nau golpista que ameaça naufragar. Enquanto não forem severamente punidos o judiciário brasileiro estará sob suspeição.

Privatizações

As privatizações de FHC (1995/2002) entregaram às multinacionais quase um trilhão de reais do patrimônio público, a preço de banana. E seu governo terminou com elevado déficit fiscal, uma dívida pública interna gigantesca e reservas internacionais dilapidadas. Pedro Parente no governo Temer entrega o pré-sal e esquarteja a Petrobras, preparando a sua privatização. Temer anuncia um mega programa de privatizações de 57 empresas estatais, dentre elas a Eletrobras. Aqui na província, um colunista do Sul21 que eu chamo de “o bom moço do PMDB”, dias atrás escreveu uma coluna torcendo para que as privatizações sejam realizadas e que deem certo. E dá a “receita do bolo”: uma boa modelagem, leilões transparentes e uma competente fiscalização das agências de regulação. Com o que Mino Carta e Ciro Gomes chamam de “quadrilha de ladrões” ocupando o Palácio do Planalto (Temer, Padilha, Meireles, Maggi, Sarney Filho, Pedro Parente, dentre outros) certamente o “gordo lucro” da liquidação do patrimônio público terá como destino a “Casa da Moeda do PMDB”, instalada no apartamento do Geddel. Fica a dúvida: o “bom moço” é ingênuo ou autista?

Serviçais dos interesses externos

A influência norte-americana no Brasil é fato histórico. Durante o século passado, à exceção do governo Vargas, o país esteve atrelado e submisso aos interesses econômicos e à geopolítica norte-americana. A partir dos anos oitenta os ventos neoliberais aprofundaram o retrocesso. O curto e corrupto governo Collor, e depois de FHC, sem nenhum pudor, atrelaram o país ao nefasto ideário neoliberal de Reagan e Thatcher. Subserviência total: moldou-se a política econômica e gestão fiscal aos ditames do consenso de Washington, do FMI e do Banco Mundial. Novamente voltamos a ser uma grande república de bananas. No ciclo petista esta situação começou ser revertida. Sob a competente direção de Celso Amorim iniciamos a construção de uma política externa independente. Com o golpe, nossa corrupta e apátrida oligarquia novamente curvou-se aos interesses internacionais. FHC e Temer nunca tiveram um projeto nacional. Essa postura subserviente, como não poderia deixar de ser, está,também nas entranhas do judiciário brasileiro. Ministros do Supremo, Janot, juízes e procuradores da Lava Jato frequentemente vão aos Estados Unidos para colaborar com autoridades americanas. Convidados pela direita de lá proferem palestras em universidades entidades criadas para difundir o ideário norte-americano. Recentemente, o ministro Barroso, do Supremo, foi aos Estados Unidos defender o voto distrital, as reformas trabalhista e previdenciária, convidado pelo Wilson Institute, organização ligada à CIA. Traduzindo: ele deu o recado que era esperado: “estamos moldando o Brasil de modo que os investimentos externos sejam bem acolhidos”. Traduzindo: salários e custos previdenciários ainda menores além de um cenário político ainda mais favorável, entenda-se, mais subserviente. Moro, juízes e procuradores da Lava Jato entregaram – descumprindo a lei –, informações sobre a Petrobras e outras grandes empresas brasileiras lesivas ao patrimônio nacional. Temos uma elite de reacionários que sofre do complexo de vira latas. Alguns usam togas.

Gilmar e Janot

Eles estão numa guerra feroz, sem trégua. Janot apostou suas fichas na delação de Joesley Batista (JBS), que não deu certo: errou o alvo e a bala voltou contra ele. Acuado deu uma de traíra, pediu a prisão do ex-procurador Marcelo Miller, que até pouco tempo atrás fora seu braço direito na PGR ou até mais:há gente que afirma que ele era o cérebro que o chefe não tem. Aproveitando a fragilidade do inimigo Gilmar Mendes – amigão de Temer e padrinho de Aécio e de Serra – atacou chamando-o de “delinquente”. Para piorar, Janot, de óculos escuros, foi flagrado num bar num encontro suspeito com um advogado da JBS. Em seguida Gilmar manifestou preocupação porque suspeita ter sido gravado por Joesley. Ora, se não houve ilicitude, não há o que temer.

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